Que mosca mordeu uma mulher holandesa da classe média para um dia resolver ser professora numa escola islâmica? Durante seis anos foi o que Fenny Brinkman fez por idealismo, para ajudar os muçulmanos a melhor se integrarem na sociedade holandesa.
Em 1998 demitiu-se da As-Siddieq, uma escola primária islâmica no bairro De Baarsjes em Amesterdão. A direcção da escola impunha normas islâmicas cada vez mais rigorosas. Segundo ela uma ideologia extremista começou a ser predominante. Só agora [2005] é que Brinkman escreveu um livro sobre este assunto. - Quem é que me acreditaria se eu tivesse publicado isto em 1998? diz ela. Texto de Annelies van der Veer no blogue holandês Hoei Boei.
Em 1998 demitiu-se da As-Siddieq, uma escola primária islâmica no bairro De Baarsjes em Amesterdão. A direcção da escola impunha normas islâmicas cada vez mais rigorosas. Segundo ela uma ideologia extremista começou a ser predominante. Só agora [2005] é que Brinkman escreveu um livro sobre este assunto. - Quem é que me acreditaria se eu tivesse publicado isto em 1998? diz ela. Texto de Annelies van der Veer no blogue holandês Hoei Boei.
Nos primeiros cinco anos Fenny trabalhou numa dependência em que todos os professores eram a bem dizer mulheres, e apesar de todas as manhãs ao chegar à escola ter de mudar de roupa: saia comprida preta e véu também preto, acreditava no seu trabalho. As crianças eram adoráveis, tinha colegas simpáticas e o facto de não poder usar batom não a afectava muito.
Quando no sexto ano a direcção da escola (constituída exclusivamente por homens) começou a controlar directamente o andamento da escola, ela apercebeu-se gradualmente que se encontrava num ambiente de trabalho assaz intolerante. A uma certa altura uma colega mais íntima faz esta observação ‘eles [muçulmanos] não se querem integrar, é trânsito num só sentido’.
Quase tudo relacionado com a sociedade holandesa é visto como haram (pecado): o Natal por exemplo, mas também uma flor que uma criança faz em trabalhos-manuais é haram, porque a direcção da escola vê nisso um símbolo cristão. Curioso, aplaudir também é haram, em vez de bater palmas o muçulmano deve exclamar Allah u Akbar quando quer demonstrar o seu apreço. Uma vez ela sentou-se numa mesinha por falta de cadeira vaga e isso deu origem a um enorme escarcéu. É obrigada a levantar-se: ‘Tu não sentar aí, mesinha do corão’ berra-lhe Mehmet o contínuo. Fenny tinha-se sentado na mesinha reservada ao corão! Isso é pecado mortal, só a parte de cima do corpo pode estar em contacto com o corão, abaixo do umbigo é haram…
Finalmente toma consciência que só a aceitaram nesta escola por falta de professores muçulmanos, e não porque ela fosse uma professora qualificada. O que significa que é apenas tolerada e nunca será aceite. As mães das crianças são geralmente holandesas convertidas que trazem as suas crianças à escola vestidas de Nikab (roupa preta que cobre inteiramente o corpo, só deixando ver os olhos).
Fenny Brinkman é obrigada a engolir muita coisa porque quer continuar a acreditar na sociedade multicultural, e porque felizmente pode refugiar-se depois de um dia de trabalho no mundo normal, onde atrás de uma cerveja pode esquecer os momentos mais tristes e rir juntamente com um colega acerca das humilhações e dos momentos difíceis que tem suportado. A total falta de humor na escola é um ponto de ruptura. O facto de uma colega ter sido obrigada a negar a perseguição dos judeus é para ela a fronteira crítica que não se pode ultrapassar. Tem a sensação que defende uma causa injusta e não quer mais continuar.
Fenny recusa-se a aceitar a ideia de que todos os muçulmanos sejam tão extremos na doutrina. Ela ainda acredita na sociedade multicultural, mas a esperança de poder mudar algo, de obter mais compreensão de parte da direcção da escola para a opinião dos holandeses, já a perdeu completamente. Assim é que decide mudar de escola. De vez em quando ainda encontra os antigos colegas que lhe dizem que tudo continua na mesma, o que não a surpreende. No epílogo do livro que escreveu sobre este assunto diz Fenny:
"Eu já estava há meses a escrever o meu livro quando Theo van Gogh foi assassinado. Este acontecimento convenceu-me ainda mais que deveria contar esta história. Ainda hoje há juntas de freguesia incautas que firmam ‘gentlemen’s agreements’ com direcções de escolas islâmicas. Não consigo compreender isto. É um perigo que nos ameaça. Um certo número de muçulmanos não quer outra coisa senão eliminar a sociedade ocidental e tranformar a Holanda numa república islamita."
Quando no sexto ano a direcção da escola (constituída exclusivamente por homens) começou a controlar directamente o andamento da escola, ela apercebeu-se gradualmente que se encontrava num ambiente de trabalho assaz intolerante. A uma certa altura uma colega mais íntima faz esta observação ‘eles [muçulmanos] não se querem integrar, é trânsito num só sentido’.
Quase tudo relacionado com a sociedade holandesa é visto como haram (pecado): o Natal por exemplo, mas também uma flor que uma criança faz em trabalhos-manuais é haram, porque a direcção da escola vê nisso um símbolo cristão. Curioso, aplaudir também é haram, em vez de bater palmas o muçulmano deve exclamar Allah u Akbar quando quer demonstrar o seu apreço. Uma vez ela sentou-se numa mesinha por falta de cadeira vaga e isso deu origem a um enorme escarcéu. É obrigada a levantar-se: ‘Tu não sentar aí, mesinha do corão’ berra-lhe Mehmet o contínuo. Fenny tinha-se sentado na mesinha reservada ao corão! Isso é pecado mortal, só a parte de cima do corpo pode estar em contacto com o corão, abaixo do umbigo é haram…
Finalmente toma consciência que só a aceitaram nesta escola por falta de professores muçulmanos, e não porque ela fosse uma professora qualificada. O que significa que é apenas tolerada e nunca será aceite. As mães das crianças são geralmente holandesas convertidas que trazem as suas crianças à escola vestidas de Nikab (roupa preta que cobre inteiramente o corpo, só deixando ver os olhos).
Fenny Brinkman é obrigada a engolir muita coisa porque quer continuar a acreditar na sociedade multicultural, e porque felizmente pode refugiar-se depois de um dia de trabalho no mundo normal, onde atrás de uma cerveja pode esquecer os momentos mais tristes e rir juntamente com um colega acerca das humilhações e dos momentos difíceis que tem suportado. A total falta de humor na escola é um ponto de ruptura. O facto de uma colega ter sido obrigada a negar a perseguição dos judeus é para ela a fronteira crítica que não se pode ultrapassar. Tem a sensação que defende uma causa injusta e não quer mais continuar.
Fenny recusa-se a aceitar a ideia de que todos os muçulmanos sejam tão extremos na doutrina. Ela ainda acredita na sociedade multicultural, mas a esperança de poder mudar algo, de obter mais compreensão de parte da direcção da escola para a opinião dos holandeses, já a perdeu completamente. Assim é que decide mudar de escola. De vez em quando ainda encontra os antigos colegas que lhe dizem que tudo continua na mesma, o que não a surpreende. No epílogo do livro que escreveu sobre este assunto diz Fenny:
"Eu já estava há meses a escrever o meu livro quando Theo van Gogh foi assassinado. Este acontecimento convenceu-me ainda mais que deveria contar esta história. Ainda hoje há juntas de freguesia incautas que firmam ‘gentlemen’s agreements’ com direcções de escolas islâmicas. Não consigo compreender isto. É um perigo que nos ameaça. Um certo número de muçulmanos não quer outra coisa senão eliminar a sociedade ocidental e tranformar a Holanda numa república islamita."
9 comentários:
Excelente artigo, sr Carmo da Rosa. Espero que o querido anónimo com que troquei umas palavras antes das mimi férias leia este artigo e entenda qual é o problema.
Bem, mas parece que sempre conseguiu perceber alguma coisa!
Dit is de directe link naar het artikel 'Haram':
http://hoeiboei.web-log.nl/hoeiboei/2005/12/annelies_van_de_3.html
Fico impressionado com o seu relato. Agora, aquilo que impressiona mais é que uma sociedade como a holandesa finja que é boa ideia não intervir.
O que descreveu parece um suicídio.
Sobre as caricaturas.
Pelo que se sabe e até agora, o corão não proibe desenhos ou caricaturas de maomé.
Só na sunna dizem haver proibição de imagens caso fossem usadas para idolatria.
Não é o caso dos tão falados desenhos.
Seria interessante que algum muçulmano ou entendido viesse aqui dizer, onde na sunna, para podermos analisar mais ao pormenor.
Curioso
carmo da rosa disse...
Aguentam durante muito tempo, é verdade, mas quando explodirem vai ser o cabo dos trabalhos.
Caro CdR, a que se deve o optimismo da sua diagnose?
A historia recente não me permite partilhar o seu optimismo.
Repare que depois de dois assassinatos políticos a discussão desta temática é como sabe, no geral, um deja-vu.
Os demónios tem outras caras mas a conversa é a mesma.
Os media “progressistas” dominantes, continuam a usar o escárnio para reduzir ao silencio opiniões dissidentes.
O partido liberal fracturado entre ala direita e esquerda não oferece oposição e a opinião publica, ainda que confusa, está a meu ver, mais predisposta a ceder que a bater o pé.
Pelo que se sabe e até agora, o corão não proibe desenhos ou caricaturas de maomé.
Penso que sim, que proíbe, mas não tenho a certeza. Certo é que, nos anos sessenta, um filme de Hollywood sobre Maomé nunca o mostrava, antes mostrava apenas aquilo que ele via (como se quem visse o filme estivesse no lugar do profeta árabe).
Mas o que sei seguramente é que Maomé matou poetas que o satirizaram. E, de acordo com o Islão, tudo o que Maomé fez está absolutamente certo...
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