O Luís Oliveira, tem estado ocupado a desbastar as teias de aranha ideológicas atrás das quais alguns criptomarxistas travestidos de keynesianos, continuam a imaginar o mundo.
Os tontos andam de repente todos muito dinâmicos
A causa é, como se sabe, o facto de o crescimento económico ter abrandado nos EUA.
A esquerda tonta, incapaz de engolir o sucesso da economia de mercado, sai da toca e, pela enésima vez, acredita que agora é que é, agora é que vai estoirar a tão profetizada crise do capitalismo que irá abrir caminho à revolução marxista.
É por isso que a esquerda rejubila com esta e outras "crises". Esta especialmente, porque a também profetizada catástrofe iraquiana, vai desaparecendo das primeiras páginas.
Para esta gente, cujo anticapitalismo e antiamericanismo são dogmas divinos impermeáveis aos factos, quanto pior melhor.
Mas os factos, sempre eles, estão-se completamente nas tintas para a ideologia.
É que, goste-se ou não (e a esquerda festiva não gosta) o sistema capitalista é incontornável. Imperfeito, claro, como todas as realizações humanas mas, até onde a memória alcança, superior a qualquer outro (referência especial aos comunismos e derivados com que nos continuam a acenar e que, entre 1960 1990, tantos estragos causaram por esse mundo fora)
Como já foi aqui mostrado pelo LO, a universalização da economia livre, tem garantido ao planeta um crescimento cuja média anual é de 5%.
5% não é um número abstracto, não é um conceito ideológico e dispensa adjectivações moralistas. Em menos de 20 anos a economia de mercado trouxe a Europa Central da miséria para níveis de desenvolvimento que se aproximam a passos largos dos da Europa Ocidental e libertou 800 milhões de pessoas da pobreza absoluta na China, Índia, Brasil, etc.
Nenhum outro sistema económico fez melhor, desde há pelo menos 30 000 anos.
Uma queda de 1 ou 2% no crescimento americano é importante porque, apesar da retórica desejante sobre a sua decadência, os EUA são a locomotiva da economia mundial, estatuto que lhes é garantido pela capacidade de inovação, flexibilidade, segurança jurídica, um sistema fiscal amigo do investimento e o dólar como moeda de reserva.
Ora estes pilares mantêm-se, não há concorrência no horizonte e as tendências de longo prazo apresentam, nos últimos 100 anos, um crescimento sustentado médio de 3% ao ano.
Assim sendo, é evidente que a economia americana não está estruturalmente doente como sonham os marxistas serôdios.
A tendência é sólida e, como todas as tendências, acomoda flutuações mais ou menos bruscas em ciclos mais curtos. Mas flutuações não são crises. Crise foi o que aconteceu em 1929 e em 1973.
A 1ª porque a Fed cometeu o erro de suspender o crédito, a 2ª porque Nixon aplicou serôdias medidas keynesianas, numa economia que já as tinha deixado para trás, com os mesmos resultados das sociais-democracias europeias: inflação galopante e desemprego.
Desde então não houve mais crises, porque não só a Fed e o poder politico aprenderam com os erros, como a experiência ensinou que geralmente é mais sábio não interferir em demasia e deixar o mercado lancetar os seus próprios excessos.
Que excessos?
Uma economia de mercado baseia-se no princípio da destruição criadora: foi o que se passou com a bolha das dotcom em 2000 e se está a verificar agora com instrumentos financeiros relacionados com o crédito imobiliário.
O facto de nem todas as inovações serem bem sucedidas, não conduz à conclusão de que o capitalismo financeiro e os seus instrumentos inovadores (como os derivados) estão todos errados.
A complexidade dos mercados financeiros possibilita hoje disseminar o risco e conduz a mais investimento e, consequentemente, mais inovação.
Haverá erros claro, mas o próprio mercado os corrige, numa dinâmica em que umas empresas morrem e outras nascem, num novo patamar de crescimento.
O ciclo pode ser cruel e assustador para as pessoas directamente prejudicadas que, como é evidente, não encontram grande consolação no facto de o processo ter um saldo positivo para um maior número de pessoas.
Mas é nestes momentos em que a demagogia dos profetas da desgraça procura semear o pânico, que convém explicar os princípios e benefícios da economia de mercado.
Explicar por exemplo que o Estado não é o oposto do capitalismo e que este não funciona onde não há Estado.
Explicar que o Estado não é jogador, mas o garante as regras do jogo e o ultimo recurso do sistema.
Explicar que é apenas esse o seu papel, porque quando procurar contrariar a destruição criadora se torna perigoso, pelas perversões que introduz.
Explicar que nos últimos 100 anos TODAS as grandes crises, a inflação galopante e o desemprego em massa, foram causadas por governos interventivos.
Explicar enfim que o crescimento baixa onde não há Estado e onde há Estado a mais.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
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Um dos pilares do liberalismo e do mercado livre, é a constatação, colhida da prática, de que a concorrência, a livre formação dos preços, ...
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Crise. Recessão. Depressão. Agora é que vai ser: os EUA vão entrar pelo cano e nós atrás deles. Talvez para a próxima. Para já, e pelo trigé...
21 comentários:
[Carter]
Brrr....
Excelente texto.
Lidador:
"agora é que é, agora é"
Caro Lidador. Este grito de guerra da esquerda-melga lembra-me um outro, de Woody Allen no filme "Everything You Always Wanted to Know About Sex"
Dá-se uma ejaculação, os espermatozóides precipitam-se para a saída e um deles, Woody Allen, luta em direcção ao amanhã que canta. Chegado cá fora, olha à volta e grita "traição, era punheta".
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http://qando.net/archives/182273.1020.A.jpg
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Carter em 1973?
Volta lá para a enfermaria e continua a lamber as feridas, lidadorzinho. O sobrinho está a passar por um processo doloroso mas mesmo assim deve ser capaz de sobreviver sem a tua ajuda.
"É que, goste-se ou não (e a esquerda festiva não gosta) o sistema capitalista é incontornável. Imperfeito, claro, como todas as realizações humanas mas, até onde a memória alcança, superior a qualquer outro (referência especial aos comunismos e derivados com que nos continuam a acenar e que, entre 1960 1990, tantos estragos causaram por esse mundo fora)"
Toma e embrulha.
Faço minhas as palavras do LO
Em 73 o Presidente ainda era Richard Nixon.
[as palavras do LO]
Essas palavras são do Lidador. Subscrevo na íntegra.
"Excelente texto."
Estava a referir-me a estas!
["Excelente texto."
Estava a referir-me a estas!]
Aaaaah!...
:-)
Por vezes é bom que haja gente que olha para as unhas em vez de mirar na direcção que o dedo aponta.
Bem haja, caro Pinto. Foi o Nixon evidentemente, RIP.
O homem chegou ao extremo fabiano de tabelar preços, com os bons resultdoos que se conhecem e que agora estão tb a ser sentidos +or exemplo na Venezuela e no Zimbabwe.
O Carter também meteu a mão na massa em 1979.
Vá lá, treinem comigo.
AVÉ, TITIO!
Agora repitam até decorar.
Um texto acima da média (média do lidador, diga-se). Ainda assim, parece um oração ao capitalismo.
A crise de 29 foi provocada pela intervenção estatal? Talking about ignoring the facts...
"A crise de 29 foi provocada pela intervenção estatal?"
Caro anónimo, acho que não leu bem.
Deixe-me sublinhar o que escrevi:
"A 1ª porque a Fed cometeu o erro de suspender o crédito"
Confirma?
Ou terá sido antes a conspiração bushista-sionista?
Quanto à "oração", tem razão....espero que este sistema se mantenha até que alguém invente um melhor.
A bem dos meus descendentes.
As "soluções anticapitalistas" que conhecemos tiveram os resultados que se sabem.
A não ser que o meu caro amigo tenha na mão uma coisa melhor.
Desembuche...o mundo desespera por um golpe de génio.
"Explicar que nos últimos 100 anos TODAS as grandes crises, a inflação galopante e o desemprego em massa, foram causadas por governos interventivos."
Confirmo.
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De resto, há qualquer coisa que me separa de si. É que apesar de não concordar consigo, e o considerar um "liberal" radical, não sou um comunista, e gosto bem da economia de mercado. Só que nem só de mercado vive o mundo, e precisaria de ser muito ingénuo para achar que ele funciona bem, per se.
O mundo é bem mais complicado. Uma coisa que o marxismo desvenda, aliás, é que na base do liberalismo está um quadro ideológico profundo. E ideologia não é o mesmo que "factos" ou "ciência". O liberalismo não significa racionalidade. Significa ideologia, valores, e uma visão do mundo. Nada mais. Vocês podem arrebitar-se todos a tentar provar o liberalismo é uma teoria científica, e que tudo o resto é irracionalidade. Trata-se, pois, de esgrima simbólica.
Não convencerão toda a gente. E o liberalismo radical terá sempre oposição.
[o marxismo desvenda]
Pois claro, a verdadeira Ciência.
Que cromos...
"O mundo é bem mais complicado. Uma coisa que o marxismo desvenda"
Acho que está enganado. Para o marxismo o mundo é simples como a lógica de Boole. De um lado a classe X. Do outro a classe Y. Destinadas pela História a conflituar, rumo à grande apoteose final em que o comunismo triunfará.
De resto foi a simplicidade deste enredo que o tornou popular. A complexidade do mundo, subitamente reduzida a uma escolha maniqueísta e com fim pré-determinado.
Uma religião!
"na base do liberalismo está um quadro ideológico profundo"
Está profundamente enganado.
O liberalismo não é uma uma ideologia e é por isso que não tem a força explicativa do marxismo, ou de outra qualquer religião ou ideologia.
Adam Smith limitou-se a procurar as razões pelas quais umas nações eram mais ricas que outras para daí extrair, não dogmas, mas hipóteses interpretativas.
O liberalismo não projecta criar uma sociedade perfeita, mas sim identificar práticas que têm resultados.
É uma abordagem o mais “científica” possível, na formulação de Karl Popper.
Pelo contrário o socialismo , o fascismo, o nazismo, o comunismo o islamismo, essas sim são ideologias, porque construídas à priori, a montante dos factos, narrativas que procuram adaptar o ser humano a si próprias.
O liberalismo não é escatológico, é apenas racional e pragmático, mas esse facto não impede que seja portador de sentido, principalmente pela ideia simples e forte que lhe está subjacente: garantir a autonomia e o bem-estar do indivíduo.
É só esse o programa e é nítido que é nesse sentido que o mundo tem evoluído.
É pois o pior dos sistemas, à excepção de todos os outros.
De resto ao chamar-me de "liberal radical", demonstra que não leu o meu post.
Eu defino-me como um conservador liberal, à Oakeshott.
E aprecio Scruton, Aron, etc
Marx já falsificou o que escreveu.
Usou estatísticas de 30 anos anos para dizer que não havia progresso.
"O liberalismo não é uma uma ideologia e é por isso que não tem a força explicativa do marxismo,"
Muito bem resumido.
E é também por isso que não tem a atracção beatífica que tem o marxismo ou o Salafismo...
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