Alguém ouviu falar em Ilan Halimi? Corro o risco de dizer que ninguém sabe quem é, nunca ouviu ou leu sobre ele. E de três chefes talibans que se fartaram de matar no Afeganistão e que os americanos puseram cabeça debaixo de água para saberem onde estava a lista com o número de telefone dos amigos? Sim, destes já todos ouvimos e lemos e achamos mal, embora uns mais que outros.
Cá na terra ninguém sabe o que se passou com Ilan Halimi provavelmente porque havia coisas mais importantes para noticiar como, por exemplo, as desventuras da Carolina ou a anorexia da Letizia.
Em Janeiro de 2006 Ilan Halimi foi raptado por motivos étnico-religiosos. Foi mantido sob tortura enquanto o sequestro durou. A família recebeu telefonemas dos raptores que tiveram a cuidado de fazer com que fossem ouvidos os gemidos e gritos de Ilan enquanto era torturado. Três semanas depois de ter sido raptado foi encontrado sem roupa junto a carris de caminho de ferro, mãos atadas, amordaçado, com inúmeros golpes de arma branca, diversos sinais de violência física e 80% do corpo calcinado por um líquido corrosivo. Morreu na ambulância que o transportava ao Hospital.
O que aconteceu para que esta notícia com um conteúdo chocante e contornos racistas e políticos não tivesse sido devidamente divulgada, que não esteja na memória de ninguém? E não se tratou só de Portugal, a notícia foi verdadeiramente abafada por toda a Europa. Muitos já perceberam que um ‘apagão’ destes só pode ser obra do lobby judaico controlando a comunicação social e enquadrado pela vasta ‘conspiração judaica mundial’, a tal, aquela que domina o mundo.
Vejamos então a razão para tanta preocupação em não divulgar. Ilan Halimi era um judeu francês de 23 anos empregado numa loja de telemóveis nos arredores de Paris. Foi raptado por um grupo composto por muçulmanos de origem magrebina e subsahariana. Foi alvo da barbárie e da crueldade dos sequestradores durante três semanas. É impossível noticiar um acontecimento como este sem referir que Ilan Halimi era judeu e os seus sequestradores e torturadores fiéis muçulmanos. Assim sendo, e ainda que noticiado, o assunto não moveu os media nem foi da conveniência dos políticos europeus.
O impacto da notícia em França teve de ser contido de outra forma dado que era impossível silenciar o caso. As autoridades trataram de esvaziar a motivação anti-semita e a fé muçulmana do gang raptor insistindo que o motivo do rapto era apenas e resgate.
Para quem perceber francês, pode ver abaixo Sarkosy, então ministro do Interior, respondendo na ocasião da descoberta e falecimento de Ilan Halimi sobre o assunto na Assembleia Nacional francesa. Note-se que ele disse que quatro dos implicados eram judeus. Hoje saber-se que que essa notícia era falsa e que foi usada pelas autoridades e difundida pela comunicação social como forma de evitar o alarme social que emergiria do conhecimento de um crime de ódio com implicações políticas. Acabou a sua intervenção com a correção política de desligar claramente o crime da ideologia dos criminosos.
O esforço de dissimulação, cuja boa intenção não se discute, não chegou para encobrir o facto de se estar na presença de um crime de motivação ideológica como ficou evidenciado por vários motivos:
-a polícia descobriu que o gang raptor tinha apenas judeus listados para outros raptos previstos;
-a motivação do resgate também não poderia ser suficiente para justificar o ódio e a brutalidade com que Ilan foi tratado pelos seus raptores;
-nos seus contatos, os raptores disseram à família que obtivesse o dinheiro do resgate pedindo-o nas sinagogas;
-os pedidos de resgate eram acompanhados pela recitação de versículos do Corão;
-entre os identificados por terem participado no rapto e sequestro foi encontrada documentação em carateres árabes e de apoio à causa palestiniana.
A atitude de apaziguamento também não serviu para inverter ou sequer parar o crescendo de insultos e agressões de motivação racial e religiosa de que é alvo a comunidade judia francesa. Esses ataques são praticados por elementos de extrema-direita mas sobretudo por muçulmanos radicalizados e ocorrem especialmente entre os jovens. Em França vivem atualmente 500,000 judeus. Não há muitos anos eram 600,000, mas muitos têm desistido de viver no país e emigrado para os EUA e para Israel. Enquanto isso, o número muçulmanos já ultrapassa os 5,000,000 e continua a aumentar.
O caso está a se julgado agora.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
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1 comentário:
@ Paulo Porto:
'E não se tratou só de Portugal, a notícia foi verdadeiramente abafada por toda a Europa.'
Em todo o caso a notícia em França não foi abafada, pelos vistos até levou Sarkozy a discursar na assembleia, e na Holanda tão pouco!
Lembro-me na altura de ter lido o caso e dei agora uma volta pelos jornais, para confirmar, e todos eles falaram bastante no assunto…
'É impossível noticiar um acontecimento como este sem referir que Ilan Halimi era judeu e os seus sequestradores e torturadores fiéis muçulmanos.'
Fiéis muçulmanos não é a ideia que transparece, mais ‘racaille’ de ‘banlieue!’.
'os pedidos de resgate eram acompanhados pela recitação de versículos do Corão;
-entre os identificados por terem participado no rapto e sequestro foi encontrada documentação em carateres árabes e de apoio à causa palestiniana.'
Há provas disto? Não seria talvez uma forma de despistar a polícia?
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