O Islão (qualquer que seja a corrente) alimenta uma ideia de superioridade moral que fundamenta uma visão essencialmente tripartida do mundo. O mundo, visto da perspectiva muçulmana, mapeia-se de uma forma simples e eficaz: ( há outras divisões menores, mas que não tocam na coerência do mapa maior)
O mundo onde os muçulmanos mandam é a casa do Islão, a terra da submissão, o epítome da perfeição, o mundo tal como deve ser. “Vós formais a melhor comunidade suscitada entre os homens” (Alcorão, III, 110).
Os muçulmanos exercem aí a plena soberania. O dar-al-islam aglutina o temporal e o espiritual. César é Deus, o laicismo é repudiado, e a sharia deve comandar a vida política.
O dar-al-islam admite a presença de infiéis, mas dentro de condições bem definidas pela lei divina. Com melhor estatuto estão as “Gentes do Livro”, fiéis das religiões de que o Islão se considera o estádio fechado e definitivo. São dhimnis (protegidos), protecção que resulta do facto de se submeterem. Os dhimmis devem um imposto especial (jiziyya, que paga o direito de viver na umma), não podem usar armas, chefiar muçulmanos, manifestar publicamente a sua fé, exercer proselitismo, ou ter relações sexuais com muçulmanos. Os seus testemunhos são inadmissíveis perante tribunais muçulmanos.
São sujeitos a humilhações, porque “para o verdadeiro crente é uma obra pia expressar publicamente a sua aversão para com o dhimmi” (Juifs et Chrétiens sous l’Islam, Bat Ye’or, 1994).
Os infiéis que não sejam “Gentes do Livro”, são idólatras, pagãos, "o que há de mais impuro no género humano". O seu destino é a escravatura ou a morte, excepto se aceitarem converter-se ao Islão. O que de resto aconteceu no Irão aos esquerdistas que apoiaram Khomeiny.
É a casa da guerra, o espaço geográfico jurídico, político e espiritual dominado pelos ímpios. Nesse espaço os muçulmanos devem mentir e dissimular (taqiyya) se necessário mas, se e quando a relação de forças evoluir a seu favor, é seu dever fazer a guerra (jihad) para trazer para o dar-al-islam a parte do dar-al-harb onde se encontram.
“não apeleis à paz quando tiverdes superioridade “ (Alcorão, XLVII, 35)
É a terra do armistício. Tal como no dar-al-harb, os muçulmanos são minoritários, mas há uma atitude conciliadora para com os muçulmanos. Tal não anula a compulsão divina para submeter o território ao Islão, trata-se apenas de uma situação provisória ditada por razões tácticas. O infiel é amigavelmente desaconselhado de se esquivar ao proselitismo islâmico “pois a quem quer que se separe do Apóstolo depois do caminho lhe ter sido mostrado, far-lhe-emos enfrentar o inferno" (Alcorão, IV, 15)
O estatuto legal dos infiéis e este mapeamento do mundo recolhem unanimidade nas 4 escolas jurídicas do sunismo e na tradição xiita, o mesmo acontecendo com a necessidade e intemporalidade da jihad, vista praticamente como o pilar adicional do Islão.
Segundo a visão islamista, a sharia deverá reinar finalmente sobre a humanidade e todas as escolas religiosas, “moderadas” ou “radicais”, ensinam isto.
E todos estes conceitos jurídico-religiosos (jihad, dhimmi, dar-al-harb, etc) encontram ilustrações concretas nos diversos aspectos internos e externos de certos países muçulmanos. Com tendência para aumentar, na onda do Ressurgimento Islâmico que está a ocorrer desde o fim da 2ª Guerra Mundial.
O Irão é um dos melhores exemplos, tendo ultrapassando em fervor e atitude a República Islâmica do Paquistão. A sua Constituição reintroduziu legalmente a dhimmitude, devidamente pormenorizada nos artigos 13º e 14º.
O artº 20º, estabelece claramente que os direitos individuais são iguais para todos, mas dentro dos critérios da lei islâmica
As redes terroristas islâmicas aplicam também os conceitos jurídico-religiosos na sua luta contra os infiéis. Se estes se comportarem como bons dhimmis, podem se poupados aos atentados. Se agem contra os interesses da umma, são ameaçados e castigados.
Por exemplo o Reino Unido foi encarado pelos islamistas como parte do dar-al-suhl, porque aí se acolhiam, e aí pregavam, as organizações e personalidades islamistas mais radicais, contando com a tolerância do governo inglês (o que valeu a Londres o título de Londonistão), que procurava colocar-se ao abrigo do terrorismo islâmico.
A intervenção no Iraque e no Afeganistão fez com que o Reino Unido fosse colocado no dar-al-harb, passando por isso a ser alvo legítimo de ataques.
Com a Espanha passou-se o contrário. A Espanha é por definição alvo da jihad, como Israel, uma vez que já fez parte do dar-al-islam. Aznar exacerbou essa ideia ao aliar-se objectivamente aos EUA. Os atentados de Madrid sancionaram a recusa da dhimmitude. Zapatero acedeu às exigências islamistas, agiu como um bom dhimmi, e a Espanha passou a fazer parte do dar-al-suhl, embora hoje já esteja outra vez no seu lugar correcto no mapa.
Nos dias que correm, os muçulmanos que residem em Espanha, e que já são uma forte minoria, passaram à provocação ostensiva, conforme relata este artigo do The Independent, segundo o qual existem planos para transformar Córdova num local de peregrinação para os milhões de muçulmanos da Europa, uma espécie de Meca europeia, como refere este editorial do ABC.
Os muçulmanos espanhóis exigiram até ser autorizados a fazer as suas liturgias no espaço da antiga mesquita, que agora é ocupado por uma catedral católica.
Neste momento o Islão parte de novo à conquista do planeta, disse-o Amadinejad não há muito tempo: o objectivo último da política externa iraniana “é o governo unificado do mundo”.
Não se trata de mera fanfarronada, bluff, ou gaffe. A convicção da decadência do Ocidente está profundamente enraizada nos responsáveis e pensadores islâmicos e o pensamento totalitário tem uma psicologia própria.
Hitler é um alerta notável. Ninguém levou a serio aquilo que dizia e que tinha escrito no Mein Kampf, era apenas um homenzinho magro e ridículo, à cabeça de uma nação empobrecida (com menos habitantes do que o Irão tem hoje) e sem músculo militar.
Daí a poucos anos, esse homenzinho exercia o poder desde o Atlântico aos Urais, e fazia planos para o Reich dos Mil Anos e o domínio do mundo.
23 comentários:
O islão não é baseado no corão,nem em allah, nem em qualquer conjunto de leis regras ou mandamentos.
O islão é únicamente baseado numa dinâmica, mas numa dinâmica da maldade, nem que seja contra os próprios muçulmanos.
Para os diabólicos maoemtanos o que interessa é obter lucro de qualquer maneira possivel, passando por cima de tudo e de todos e de modo a alimentar aquela ganância maligna.
Meu camarada Lidador,
Explique-me lá uma coisa:
Você é contra os muçulmanos?
Segundo a perspectiva islâmica, de que mundo faz você parte, meu caro?
E você é contra as marés?
@Stran
"Meu camarada Lidador,
Explique-me lá uma coisa:
Você é contra os muçulmanos?"
Resposta:
Meu camarada Stran,
Explique-me lá uma coisa:
Você é burro?
Você é burro?
Stran, o que eu me rio. ;)
ML,
"Stran, o que eu me rio. ;)"
LOL Tenho que confessar que o "fiel" está no seu melhor. Assim já dá gosto comentar.
Agora aos outros por ordem de entrada:
Camarada Lidador,
Uma vez mais não me respondeu às questões. Num gesto de cordialidade eu responderei às suas.
"Segundo a perspectiva islâmica, de que mundo faz você parte, meu caro?"
Eu julgo que da escala islamica eu sou "o pior" de todos. Pois faço parte do mundo dos que não acreditam em nenhum Deus. Fisicamente julgo que para os muçulmanos esclarecidos, e são muitos eu pertenço ao planeta terra, mais concretamente, ao país cujo os locais chamam de Portugal.
"E você é contra as marés?"
Épá esta requer imaginação... O melhor é dar uma resposta genérica. Genericamente sou a favor das marés. Se Deus existisse e viesse ter comigo era uma das coisas que lhe dizia:
"Oh Deus, aquelas coisa das marés, pá, foi uma coisa muito porreira que inventaste, pá!"
Caro Paulo Porto,
"Meu camarada Stran,
Explique-me lá uma coisa:
Você é burro?"
Ora aqui está uma resposta-pergunta filosófica muito interessante. Ora se for biologicamente a resposta à sua questão é não. Somos ambos mamiferos, mas eu não sou um burro, embora partilhe um passado genético comum, separamo-nos há muito tempo. Se a sua questão apontava para a falta de inteligência a resposta é depende.
O Lidador e o rod diriam que sim, você não sei. Eu julgo que não me compete a mim decidir se ou burro ou não. É das poucas questões que não coloco a mim mesmo. Julgo que é uma perda de tempo, tempo esse que posso passar a pensar em questões mais interessantes.
"julgo que para os muçulmanos esclarecidos"
Não sei o que entende por "muçulmanos esclarecidos".
Se são aqueles que você imagina que pensam como você, talvez dê por si a julgar que não tem quorum para um jogo de bisca lambida.
Salman Rushdie, é esclarecido? Se o encontrar conte-me.
O Nobel egípcio da literatura esfaqueado no Cairo?
Aqueles que foram mortos por ofenderem o Islão? Aqueles que se calam por medo?
Esses são cada vez menos e com eles vivo eu bem.
Não são esses que o ameaçam.
Mas tb não o defendem.
A sua resposta é tão estúpida, como aquela que seria negar-se a identificar a maldade ameaçadora do comunismo ou do nazismo, alegando que havia soviéticos esclarecidos e alemães esclarecidos.
Havia, claro. Mas isso são trocos. É como estar a falar de omeletes e vir um imbecil afobado, especificar que os ovos são postos pelas galinhas.
De resto, meu caro, Heidegger era "esclarecido". Mas era nazi.
Tal como Heisemberg....pelo menos trabalhava para Hitler.
E Sartre era "esclarecido". Mas comunista.
Camarada Lidador,
Pode-me esponder à minha rimeira questão?
Lidador:
"“é o governo unificado do mundo”"
O suficiente para fazer disparar o branco é, galinha o põe da esquerda:
Se o assunto meter Bush, é coisa dos imperialistas que querem dominar o mundo. Se não meter, é coisa contra os imperialistas que querem dominar o mundo, logo, de esquerda.
Obama está ainda no limbo.
.
Sun Tzu (ou Wu Tzu) ficaria muito orgulhoso.
Estão a ganhar uma guerra, sem perderem soldados e assimilando o inimigo.
Bravo.
Bob
http://www.timesonline.co.uk/tol/news/uk/crime/article4749183.ece
http://www.telegraph.co.uk/news/newstopics/politics/1577395/Multiple-wives-will-mean-multiple-benefits.html
Bob
Os comunistas e derivados, os nazis e companhia são tb gente esclarecida, ou seja são como alguns comentadores que aqui aparecem e que, com cordialidade e bondade, com boas maneiras, nos vão taxando ora de reccionários ora de pessoas sem capacidade de análise.
Conheci, na prática, durante o PREC, pessoas dessas - cheias de cordialidade e bondade. Enquanto não se pensaram na mó de cima.
Depois passaram a mostrar-se tal como eram. E só não nos limparam o sebo porque não puderam, se o pudessem tê-lo-iam feito.
Tal como outros esclarecidos gentlemen do próximo oriente, de momento a agirem com brandura - mas esperando os melhores tempos em que, por hipótese, nos possam limpar a todos, ou mandar para os calabouços "progressistas" ou "religiosos".
Se sou contra os muçaulmanos? Claro que sou, bem como contra todos os cordiais cavalheiros e cavalheiras que vão dando apoio moral, camuflado ou insolitamente nu, aos Aminadejhads. Mediante, por exemplo, perguntinhas especiosas e cínicas, em estilo inquisitorial.
Tomar-nos-ão por tolos, primários?
E se acaso ficam ourados - metam uma rolha!
E o resto é conversa.
Excelente texto Lidador. Muito esclarecedor.
"Se sou contra os muçaulmanos? Claro que sou..."
Ok. Fico então esclarecido.
"Tomar-nos-ão por tolos, primários?"
LOL
"bem como contra todos os cordiais cavalheiros e cavalheiras que vão dando apoio moral, camuflado ou insolitamente nu, aos Aminadejhads."
Não quer concretizar onde e como é que esse apoio está dado? Senão ficamos com a noção que combate castelos de ar!
"Mediante, por exemplo, perguntinhas especiosas e cínicas, em estilo inquisitorial."
Portanto questionar-lhe, contra-argumentar o que diz é, na sua opinião, dar "apoio moral (...) aos Aminadejhads." Belo sentido de liberdade de expressão!
O Stran faz-me lembrar aqueles putos do tempo de escola que gostavam de "meter nojo". Toda a gente conhece alguém assim: geralmente gordos e inaptos para actividades físicas, gostavam de se evidenciar da única forma que conseguiam, que era através do uso da oratória para chatear a cabeça ao resto do pessoal. Geralmente acabavam por levar uns biqueiros mas ao menos o objectivo estava alcançado: alguém tinha reparado neles. Está visto que qualquer coisa que se escreva aqui, virá o Stran "meter nojo".
E até conseguiu a minha atenção, como se pode constatar.
Prometo que, sendo a primeira vez que faço um comentário quanto à participação do Stran, será também a última, porque sei pela experiência do tempo de escola que os mete-nojo só se calam quando são ignorados.
Quanto ao post do Lidador, está muito informativo como sempre. Admito que nunca li o Corão, e por isso aproveito sempre para aprender um bocado com as transcrições que dele fazem. Este post fez-me pensar naqueles árabes que se dizem incompreendidos pelos ocidentais, já que o Islão é uma religião de Paz e Amor tal como vem no Corão (foi-me dito em Paris em 2007). Ora, neste post vem de forma explícita a técnica usada por estes indivíduos: dissimulação (taqiyya).
PO
As suas perguntas não apontam para uma busca da verdade,são apenas um arremedo de inquirições especiosas. Visam desagradar, camuflando-se.
Podemos durante algum tempo, por uma questão de tolerancia e boa-educação, dar-lhe uma relativa atenção. Mas nada mais que isso. O seu articulado, mais do que de adolescente, é de pessoa pouco cuidada.
A liberdade de expressão não passa por deixarmos que Stran ejecte, sem resposta adequada, as inanidades que ele entenda pôr no papel.
Você não quer nada mais senão, de forma especiosa, estorvar os outros usando um tipo de procedimento tipicamente sacrista.
Caro POsorio,
"Prometo que, sendo a primeira vez que faço um comentário quanto à participação do Stran, será também a última..."
Não é por mudares de nick que deixas de me comentar...
Caro JL,
"As suas perguntas não apontam para uma busca da verdade..."
Pelo contrário, e neste caso, a pergunta dos muçulmanos é mesmo esse o objectivo. Saber a verdade do que pensa.
Gosto de pessoas que não tenham medo de se definir claramente, que não se escondam...
"O seu articulado, mais do que de adolescente, é de pessoa pouco cuidada."
É interessante como nunca conseguiu "desarticular" o meu articulado. Sendo de "adolescente" não seria dificil para si.
"Você não quer nada mais senão, de forma especiosa, estorvar os outros usando um tipo de procedimento tipicamente sacrista."
Parece que alguns "fieis" ficaram com a mania da perseguição...
Stran
Não é por mudares de nick que deixas de me comentar...
Claro que não, comentou logo a seguir.
ML,
"Claro que não, comentou logo a seguir"
LOL!
Este(s) "fieis" estão um mimo!!!
Enviar um comentário