O proletariado de um modo geral e a classe operária em particular, atravessam uma época exaltante.
Os amanhãs radiosos voltaram a cantar, o grande capital treme de medo, Marx levanta-se e voa como o Conde Vlad Drácula, e até o nosso governo, inspirado pelos trinados da mudança, já retomou a saga revolucionária do saudoso João Cravinho, nacionalizando por decreto um banco, antro tenebroso da alta finança arqueo-capitalista, neoliberal e proto-gananciosa.
A adjectivação ganha asas e de Ary dos Santos volta a ouvir-se o "cabeçudo, dromedário ... lãzudo, publicitário, malabarista , cabrão", que a cantiga é uma arma contra a burguesia.
No glorioso caminho para o socialismo espera-se agora que o governo não fique por aqui e melhore a partitura nacionalizando as petrolíferas, as telecomunicações, a Liga Sagres, o quiosque do Sr Martins, a churrasqueira Rainha dos Frangos, os pilares da ponte S.João e por aí adiante, exceptuando o meu carro, claro.
Os reaccionários neoliberais, ultra-neocons e arqueo-capitalistas andam calados que nem ratos ou a Dr Manuela Ferreira Leite, e consta que alguns já estarão a preparar a fuga para o Brasil, como os Champalimaudes, os Amorins os Espíritos Santos e as Fátimas Felgueiras.
Teme-se que as próprias Rotundas de Viseu emigrem precipitadamente para o sertão brasileiro.
O que é capaz de não ser uma grande ideia porque vagueiam por lá lulas gigantes que mudam de cor com impressionante rapidez, ao ritmo da cachaça. E, se bem que algo desafinados, os amanhãs também querem cantar, misturando as estrofes da Internacional com o samba do mensalão, numa mistura bolivariana de Fórum de S.Paulo com ritual de Candomblé.
Para a Venezuela muito menos, porque aí só canta o Exu Chavez, a anunciar o nascer de um novo amanhã cantante e bolivariano, a partir das cinzas putrefactas do neoliberalismo ultra neocon, arqueo-imperialista e proto-capitalista.
E eu, reaccionário impenitente e irrecuperável, que bem queria odiar o grande capital mas nem as pequenas quantias consigo desprezar, temo que o ritmo revolucionáro não me entre na corneta, mesmo que me encostem à muralha de aço.
Uma chatice!
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
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Alguém me explica porque têm a GNR e a justiça(?) que meter o nariz para saber se quem trabalha na pastelaria lá está dentro ou não?
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Um dos pilares do liberalismo e do mercado livre, é a constatação, colhida da prática, de que a concorrência, a livre formação dos preços, ...
5 comentários:
Caro Lidador:
Este desabafo saiu-lhe num registo aparentado com a antigo estilo do DLM...
Quando se julga que os amanhãs iniciaram os cânticos, é-se normalmente alertado pelo carpir das kalashnikovs.
E houve tempos em que a melodia era o som da lâmina a escorregar na calha...
Vale que a "Big picture" é outra.
Cumprimentos
O-lidador, vossa provocação acrescenta um riso amargo à minha melancolia. Já cantava nosso poeta Gonçalves Dias - vá lá, mal compreendido até hoje por nossos intelectuais - que as avís que aí gorjeiam não gorjeiam como cá. Senão, informo-vos a peculiaridade de nosso sistema capitalista com um exemplo publicado no jornal "nacionalista" de Helio Fernandes: o Banco Votorantim, com um capital de 13 bilhões de reais, receberá uma "ajuda" de 7 bilhões de reais de um banco público - o Banco do Brasi, mas continuará a ser um banco privado. Mas, considero alvissareiro o vosso alerta aos patrícios, pois a inoculação definitiva acontecerá quando aqui aportar "Alien; o oitavo passageiro", codinome Dmitry Medvedev, no final deste mês de novembro. Por último, informo que nosso muro será de cimento armado - monopólio do mesmo senhor dono do Banco Votorantim.
”Teme-se que as próprias Rotundas de Viseu emigrem precipitadamente para o sertão brasileiro..”
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal,
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial…
Isto porque ontem à noite não conseguia adormecer, e então li finalmente a Carta de Pêro Vaz de Caminha (O achamento da Terra de Vera Cruz a 1 de Maio do ano domine de 1500), mas traduzida por e com epílogo de August Willemsen. Uma maravilha.
Especialmente para si, um remake do Kazan.
"On the bank front"
http://www.youtube.com/watch?v=3XGJq8wrw5I
cof... cof... cof...
Ah, e esqueci-me do seu mais encanitado interesse, de que tem deixado testemunho abundante pela net fora, dentro e fora de portas:
- arqueocapitalista (tanto na velha como na nova norma)
- protogananciosa (tanto na velha como na nova norma)
Regra geral (para me poupar trabalho a mim e para se poupar a si próprio auto-acusações/autoacusações pouco edificantes):
a) Ortografia antiga:
quando ao prefixo não acentuado se segue uma palavra não começada pela mesma vogal, um 'h', um 'r' ou um 's' - os dois elementos aglutinam-se.
b) Ortografia reformada:
quando ao prefixo não acentuado se segue uma palavra não começada pela mesma vogal ou por 'h' - os dois elementos aglutinam-se.
c) Não se esqueça das excepções.
d) Percebeu?
Também não tem importância nenhuma, é só para não se autoflagelar e não ter que chamar a si próprio aquilo de que acusa sistematicamente os outros.
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