Antes de a economia ter irrompido na campanha com fragor, o grande leitmotiv de Obama era a promessa de retirar do Iraque, completamente, rapidamente e em força.
Cumprir essa promessa vai ser o seu primeiro trabalho de Hercules.
Se imitar Zapatero, o "fiel aliado", e retirar doa a quem doer, entregará de mão beijada o palco estratégico ao Irão, cujos interesses passam por um Iraque dócil e submisso que não tenha poder para lhe fazer frente.
Tal situação aumentará dramaticamente o poder iraniano, que projectará a sua sombra directamente sobre a Arábia Saudita e os campos onde se produz a spice.
É um cenário assustador para vários aliados americanos na região, como a Turquia , Jordânia e Israel, e atinge directamente os interesses vitais dos EUA. Estes aliados farão pressão sobre Obama e não se afigura fácil, ou sequer possível, aos EUA portarem-se como um "fiel aliado" ao estilo espanhol.
Obama irá certamente entrar em diálogo com o Irão e tentar contratar garantias à prova de tudo, o que não é fácil, dada a natureza do regime iraniano.
Falar com Teerão não é, em si, um objectivo. Obama terá de conseguir forçar os iranianos a abandonarem as suas políticas expansionistas e desestabilizadoras, e necessita melhores cartas que não apenas retórica hipnótica e um look simpático.
Num jogo de poker em que um dos contendores dá conta do seu jogo, o adversário sobe a aposta e, neste jogo em particular, não é fácil vislumbrar uma situação em que ambos possam ganhar.
Seja como fôr, no fim da conversa Obama pode decidir retirar e arrostar com as horríficas consequências geoestratégicas e políticas (haverá feroz oposição mesmo no interior do seu partido), ou pode seguir as linhas gerais da actual administração e manter forças residuais no Iraque, arrostando desta vez com o descontentamento daqueles que o apoiaram.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
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Crise. Recessão. Depressão. Agora é que vai ser: os EUA vão entrar pelo cano e nós atrás deles. Talvez para a próxima. Para já, e pelo trigé...
9 comentários:
RB
Há coisas inevitáveis. Um indivíduo pode sentar-se ao volante de um carro e dizer que vai guiar melhor que outro porque isto e aquilo. Mas no fim vai ter de usar os três pedais e o volante como os outros todos, sob pena de se espatifar a si mesmo e aos outros que viajem no carro.
Não acredito que Obama retire do Iraque num repente e deite tudo a perder. A verdade é que as maiores provações passaram pelo que só um tolo o faria nesta altura deitanto tudo a perder. Parece que ele não é tolo.
É verdade que irá falar com o Irão. O que parece é que a 'conversa' irá servir mais para abreviar conclusões, logo, para tomar decisões mais cedo do que tarde.
Obama terá de carregar no pedal do meio para travar e no da direita para acelerar, tal como qualquer outro que estivesse sentado no lugar dele. Isto é assim por mais que ele diga (ou que digam por ele) que vai 'mudar' a forma de guiar.
"Não acredito que Obama retire do Iraque num repente e deite tudo a perder."
Julgo que ele disse 18 meses o que dará mais coisa menos coisa Julgo de 2010...
"...Julho de 2010..."
Obama pode fazer igual ao Lula. Criar um outro país virtual e fazer um acordo para aparentemente doar tudo para o inimigo enquanto, na verdade, obtém grande vantagem pessoal que é aplicada em outras ditaduras como Cuba.
Assim é a insana república bolivariana. Se ele já transformou um filho assistente de um jardim zoológico em um dos maiores empresários do país de uma hora para outra, imagine só o que ele não está embolsando para ele?
A insana república bolivariana já levou vários ativos da Petrobrás e agora levará também usinas hidroelétricas enquanto ele fala e procura demonstrar ser um governante magnânimo, compadecido com os vizinhos desvalidos.
Obama pode muito bem fazer isso, já que conta com o apoio irrestrito de uma imensa massa de gente que só quer saber de duas coisas: se livrar da crise econômica e continuar engordando, ou seja, no fausto, sem fazer força.
Não será difícil então o Obama seguir os conselhos do Irão e ficar do lado daqueles que como o Lula só se interessam pelo prato de comida do dia.
Por incrivel que pareça, parece me que Obama será o mais realistya possivel na sua adiminstração. Há uns dias atrás vi um documentário sobre a vida dos dois candidatos à casa branca. Por incrivel que pareça, acabei por simpatizar com os dois. Isto fazendo fé no que foi mostrado no documentário.
Um dos episodios mais interessantes de Obama foi o seguinte: quando ele era ainda estudante de Harvard, era muito activo politicamente e ligado à esquerda. Bem, enquanto era estudante candidatou-se a presidente da prestigiada revista de Direito de Harvard. Foi o primeiro negro a conseguir vencer essas eleições. A malta de esquerda estava a espumar-se de ganancia para entrar em peso na revista. E o que fez o bom do Obama? Convidou alguns colaboradores de esquerda, mas a maioria era malta de direita. E qual foi o seu critério? Basicamente um: competencia. Ele afirmou que não pretendia politizar a revista, mas sim manter a qualidade desta.
Bem, também já li as furias do Olavo de carvalho contra Obama, mas ele genhou as eleições. Aguardo pacientemente os proximos capitulos.
Só me resta uma última dúvida. Como foi Obama conseguir tantos fundos para a sua campanha? E como vai ser feita a cobrança desse dinheiro "doado" à campanha de Obama?
Boa noite amigos
ejsantos:
"Como foi Obama conseguir tantos fundos para a sua campanha?"
Petrolíferas. Coisas de Bush.
;-)
.
É, deve ter sido a energia da campanha.
"Como foi Obama conseguir tantos fundos para a sua campanha?"
Muito simples: grande parte dos ricos estão fartos do Bush, porque lhes gasta a guita toda com a guerra no Iraque, e com medo que McCain fizesse o mesmo, apostaram em Obama.
Isto não é brincadeira, é uma análise séria feita no dia das eleições por especialista.
"Muito simples: grande parte dos ricos estão fartos do Bush, porque lhes gasta a guita toda com a guerra no Iraque, e com medo que McCain fizesse o mesmo, apostaram em Obama."
Ah, ah! A ver se não lhes sai o tiro pela culatra.
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