Ao ler o artigo de Daniel Oliveira no Arrastão sobre o imbróglio do vereador independente da Câmara Municipal de Lisboa José Sá Fernandes, gentilmente cedido por Sérgio Pinto, fiquei bastante contente ao saber que já há gente neste país a pensar em mandar construir ciclopistas! Porra, até que enfim…
Agora o que era preciso era aparecer um novo Marquês de Pombal - lembrei-me da pessoa por causa do caso do vereador – que mandasse construir o mais rapidamente possível ciclopistas de norte a sul do país. Nem que para isso fosse preciso deitar abaixo dois ou três estádios de futebol, o Centro Comercial Colombo, o CCB, o Arrábida Shopping, o horrível monumento que se encontra na praça do Areeiro e onde colaram à pressão a cabeça do Sá Carneiro, ou mesmo enforcar algum padre ou vereador reticente em praça pública…
Depois das ciclopistas construídas seria instaurada uma proibição total aos encarregados de educação de levarem os meninos e as meninas de carro à escola. Tudo de bicicleta como na China no tempo da Revolução Cultural, ou na Holanda actual. Os professores dariam o exemplo, e seriam finalmente avaliados, não pelo facto de darem notas positivas a analfabetos funcionais, mas pelo empenho que demonstrarem nesta nobre causa.
Idem para todos os funcionários públicos com menos de 45 anos de idade, que doravante seriam obrigados a deslocarem-se todas as manhãs aos seus locais de trabalho de bicicleta. Serviriam de exemplo para o resto da população e, por isso mesmo, receberiam do Estado, medida que já foi posta em prática na Holanda, uma ajuda de € 600 para a compra de uma bicicleta montada em Portugal.
Sinceramente não creio que tenhamos a coragem política necessária – Pombal há só um e mais nenhum! - para tomar estas medidas drásticas que proponho, mas nunca se sabe que voltas (de bicla) é que isto vai dar, e não vejo outra saída para a crise financeira. Tenho apenas uma certeza, assim nos ajudasse o engenho e a arte que dentro de 15 anos este investimento começaria a dar os seus frutos:
- As portuguesas como por milagre iriam ter pernas mais longas e mais bonitas.
- Os portugueses, sobretudo na primavera e no verão, vão passar o tempo alegremente e ao ar livre a admirar o maravilhoso espectáculo das ditas cujas pernas descobertas a dar aos pedais, em vez de se zangarem constantemente a discutir a bola fechados em tascas lúgubres. Resumindo, teríamos mens sana in corpore sano em vez de constantemente e ad infinitum E pluribus unum.
- Haveria uma redução considerável das emissões de dióxido de carbono que aquecem a terra coitadinha e faz com que os ursos polares morram de calor, porque não conseguem desapertar o casaco de peles.
- Veríamos um tsunami de turistas endinheirados, vindos sobretudo do norte da Europa, atraídos pelo clima, mas agora também pelas ciclopistas, pelas pernas das nossas compatriotas e pelo ar puro, invadir os nossos hóteis, pensões e campings do Minho ao Algarve. Nós, já completamente blasé das pernas das nossas compatriotas, iríamos agora encantarmo-nos com pernas de Suecas e de Holandesas por essas estradas fora.
- Uma nova indústria nasceria, A Pasteleira Nacional, com uma rede de assistência espalhada por todo o país.
- Teríamos de novo um Joaquim Agostinho (ou dois) para nos representar no Tour de France. O que já não é sem tempo…
11 comentários:
Ó Rosa!. Até que enfim que essas pétalas abriram. Já não era sem tempo. Sabias que na digna e mui nobre Évora há uma "ciclo-pista"?, se não sabias ficas agora a saber, a cuja dita ainda não está completamente construída mas,.. a obra lá vai indo, indo vai. Para a construção da ciclo-pista não foi demolido o templo Diana, o futuro projecto para o templo diana é outro, "ser pintado de branco com roda-pé azul", para se integrar no arquitectonico meio ambiente. Como Évora está um pouco, (dentro muralhas) altita, a ciclo-pista foi logicamente projectada na mais ou menos plana parte baixa da cidade, subidas só no campo, como o compadre dizia amarahando a meio da "ribancêra", agarra-tá estêvas mã-daranha. A pedalar em Évora só vi uma pessoa! a nossa amiga Finita, o fenómeno é tão fantástico que há quem diga que para alem de maluca é bruxa! e vai acabar por ser queimada (em data ainda não prevista) no templo Diana. O acto vai ser obviamente um golpe publicitario para chamar os turistas a ver não só o espectáculo como também a insólita e maravilhosa ciclo-pista de Évora. Em terra de cegos quem tem um olho acelera, nunca pedala.
” Sabias que na digna e mui nobre Évora há uma "ciclo-pista”
Ah compadre, atão na havia de sabêri?
E além da ciclopista, construíram também, o que eles chamam uma ecopista que, se não me engano, já vai da cidade, passando ao lado do Convento da Cartuxa, até à Igrejinha. No início o trajecto dos ecociclistas, seguindo o aqueduto, entrava mesmo em casa do nosso amigo Zé Maneli, para grande contrariedade deste, que tem por hábito tomar banhos de soli todo descascadinho (mas lavadinho) com a sua esposa.
A coisa parece que já se compôs e os ecociclistas passam por trás da casa….
A Finita, grande mulher. Chaparros dum cabrão que não seguem o exemplo dela, não há maneira da gente os pôr em cima duma bicicleta, nem de coentrada…
Eu já fui de casa do Zé até Évora de bicla, e também andei pela Graça do Divor, mas nessa altura ainda não havia ciclopista nem ecopista, para mal dos meus pecados.
Caro CdR
O problema de Lisboa é que não dá para andar de bicicleta.
Não dá porque:
-a generalidade das ruas não tem espaço para passarem dois carros muito menos dois carros e uma bicicleta;
-também há aquilo das 'sete colinas', imagem bonita para deignar inúmeras ruas a subir, incompatíveis com bicicletas;
-o pessoal em Lisboa tem uma condução muito agressiva, pouco compatível com outros automobilistas, com peões e com bicicletas.
Tanto assim que no sul do país, que conheço bem, as pessoas sabem quando um condutor é de Lisboa. Basta vê-lo aflitínho para ultrapassar o carro da frente, a usar velocidade excessiva em localidades, a demonstrar irritação quando alguém tem uma condução mais lenta ou simplesmente mais descontraída.
Já no Algarve dá para usar bicicleta. Estão até a ser criadas várias ciclovias. A longitudinal que atravessa a região vai ter uma ciclovia de quase 200km. É muito frequente ver a população local bem como os turistas alemães e holandeses a usar bicicleta.
Os ingleses nem tanto, são mais dados a usar copos na mão a tempo inteiro. Por isso fica-lhes dificil segurar o volante da bicicleta só com uma mão e não cair. Vai dahi preferem acabar de beber aquela cerveja e ir buscar outra. Quando finalmente caírem não vai ser no meio da estrada, o que também não quer dizer que no dia seguinte se lembrem onde foi.
CdR
Desculpa lá, mas essa das portuguesas poderem adquirir "pernas" através da bicicleta, é muito relativo...as "pernas holandesas" têm mais a ver com a estrutura física e o leitinho bebido em criança. Coisa que por aqui não abunda. É mais bacalhau com grão. Daí, as "bundas",..
”Quando finalmente caírem não vai ser no meio da estrada, o que também não quer dizer que no dia seguinte se lembrem onde foi.”
Paulo Porto,
Lol
Para a próxima quando mandar uma destas avise com antecedência! Saiu-me o branco pelas narinas, ainda bem que era branco…
divergências
Lisboa, como todas as outras cidades do mundo não foram feitas para andar de bicicleta e, como todos nós sabemos, certas partes de Lisboa nem sequer foram feitas para andar de carro! Mas se não passam dois carros, porque não UM carro e UMA bicicleta?
Não é absolutamente necessário fazer ciclopistas em todo o lado. E é verdade que subir sete-colinas de bicicleta não é do mais agradável que se possa imaginar, mas não é totalmente incompatível e muito menos impossível, senão o que seria dos prémios da montanha e do Alpe D’huez!
tecnologia
Pessoas de uma certa idade, ou com a idade certa mas pernas fracas (devido ao uso muito frequente do automóvel) podem sempre subir as colinas de eléctrico ou, melhor ainda, de bicicleta com motor eléctrico - não me refiro à saudosíssima Solex – mas realmente a moderníssimas biclas munidas com um motor eléctrico accionado por pilhas, que ajuda consideravelmente a pedalada podendo atingir 25 km p/h (dependente de quem pedala claro!), e com uma autonomia entre 40 a 75 km. Estas bicicletas não são baratas, mas por € 2000 já se arranja um top-model.
vantagens
De qualquer maneira bem mais baratas do que um automóvel. Além disso não necessita carta de condução, não paga imposto, a manutenção é muito mais barata, não tem grandes problemas de estacionamento e mais saudáveis, porque sempre obriga a um mínimo de esforço do indígena, que tem que dar aos pedais para ser ‘ajudado’ pelo motor eléctrico.
repressão
O pessoal tem uma condução muito agressiva! Há remédio santo para isso. É só pedir emprestado à nossa vizinha Espanha meia-dúzia de guardias-civis para controlar o trânsito durante um mês na capital do império. Vai ver que os alfacinhas com umas apreensõesitas do coche e da carta de condução entram nos trilhos.
promessas
Creio que vou dedicar um post a este tema, vai ver a quantidade de tipos de bicicleta que existem e que a malta nem sonha! A inovação neste sector nos últimos anos é impressionante…
"as "pernas holandesas" têm mais a ver com a estrutura física"
Eh pá, és um racista!
Mas, por outro lado és um entendido na matéria, já te passaram muitas perninhas pelas mãos, e bem boas seu cabrão! hahaha.
Bem, prometo estudar o problema. Mas hoje não que o João Paulo faz CINQUENTAS e ainda tenho que lhe arranjar uma prenda.
Oh inclemência, oh tenebroso pessimismo.
Então Lisboa não é uma cidade apropriada à bicicleta?
Ainda há pouco tempo António Costa, inefável Presidente da Câmara de Lisboa, demonstrou o contrário fazendo o percurso entre o Largo do Rato e a Praça do Município.
Claro que logo umas nefastas alminhas, como as que polulam por este blog, vieram dizer que o percurso em causa era sempre a descer.
Qual descer, qual carapuças. Mera coincidência.
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Senhor carmo, olhe que há mais cidades com ciclopistas.
ML:
"Senhor carmo, olhe que há mais cidades com ciclopistas."
É verdade. As Caldas da Rainha (arredores - oeste) são uma zona espectacular para se pedalar.
Na cidade também não é difícil.
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Há mais.
ML e Range,
Eu não disse que não havia pontualmente aqui e ali uma ciclopista perdida…
O que eu penso é que deveria haver muitas mais, e devia haver ligação entre cidades sem a necessidade de sair da ciclopista, para que os ciclistas não sejam obrigados a arriscar a vida pedalando a maior parte do tempo entre os nossos mui simpáticos e cívicos automobilistas nas estradas nacionais…
Eu, por exemplo, gostaria bastante de fazer um passeio de bicla de Lisboa ao Porto – uma coisa amena, digamos com paragem e hotel em cinco cidades: Lisboa, Torres Vedras, Caldas da Rainha, Leiria, Figueira da Foz, Aveiro, Invicta - e, apesar da minha mulher querer, ainda não o fiz porque continuo a ter um medo pavoroso da quantidade de aceleras que ainda – acho que a coisa tem melhorado nos últimos anos – poluem as nossas estradas…
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