It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
teste
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Capitalismo no século XXI
O National Inteligence Council (NIC), um organismo consultivo do governo dos Estados Unidos da América, apresentou, há dias, um relatório onde afirma que o poder hegemónico dos Estados Unidos no Globo poderá sofrer alterações significativas nas próximas décadas.
As conclusões a que o relatório chega não são, de todo, surpreendentes: o cada vez maior papel da China, da Índia e do Brasil no comércio Global, com o consequente crescimento do PIB, do poder de compra e do poder destes países, vem pôr em causa, necessariamente, a posição extremamente confortável em que os Estados Unidos se encontravam até há uns anos atrás.
Porém, convém guardar os foguetes. Apesar do texto enganador publicado no site do Publico, a supremacia Americana perdurará, possivelmente, até 2030, ano em que esta começará a ser pertubada por uma enorme China e por uma poderosa Índia.
Ao contrário do que o artigo do Publico diz, os Estados Unidos disputarão, essencialmente com a China e a Índia, a posição de potência número 1 do Mundo. Os EUA não desaparecerão subitamente, como parece ser sugerido pelo jornalista, quando afirma que: "Rússia, Índia e China, diz o documento, serão os novos líderes Mundiais". Um erro de tradução poderá ser, provavelmente, a causa do equívoco do jornalista, uma vez que o NIC sublinha que os Estados Unidos da América continuarão a ser líderes em algumas áreas e que tudo dependerá das próximas Administrações Americanas.
A derrocada dos Estados Unidos não acontecerá. O Mundo vai ser multipolar, com certeza, mas um dos mais importantes centros de poder será a América do Norte, onde os Estados Unidos tenderão, creio, a reforçar laços com os já parceiros comerciais México e Canadá, para se manterem um degrau acima da China e da Índia.
Os Estados Unidos manter-se-ão na frente em alguns domínios, sendo o mais importante de todos o militar; O dólar continuará a ser uma moeda forte, com óbvia concorrência do Yuan, da Rúpia e, talvez, do Euro; As empresas transnacionais Norte-Americanas continuarão a ser as mais fortes à face do Globo; O Dow Jones e o Nasdaq continuarão entre as principais bolsas do Mundo (ou mesmo a principal, em capital movimentado); O NAFTA terá um papel importantíssimo, sendo de esperar desenvolvimentos importantes dentro do tratado de livre comércio.
O mundo continuará a ser capitalista, a única diferença é que a extrema-esquerda e a extrema-direita passarão a apontar armas tanto para ocidente como para oriente. É difícil de engolir, lamento muito caros amigos, mas não é com Barack Obama, Hu Jintao e Manmoah Singh que o Mundo mudará.
É melhor a esquerda contentar-se com o apoio aos Palestinianos, com os devaneios contra futuros Obamas, Jintaos e Singhs, com as manifestações Antiglobalização, com a fomentação de greves, com as Organizações não governamentais (uma bela invenção capitalista), com a multiculturalidade, com o combate ao racismo e com outras tarefas reinvindicativas.
O futuro não poderá ser de poder para a esquerda radical. Viveremos com ela, como sempre vivemos, iremos aceitá-la nos Parlamentos Nacionais, vamos deixar que ela continue a sua "cruzada" contra o capitalismo.
Eles podem bufar, mas os filhos de Adam Smith e de David Ricardo irão cumprir os sonhos dos seus pais.
Nem tudo será um mar de rosas, uma vez que continuarão a existir Venezuelas de Chávez e Rússias de Putin alimentadas pelo nosso mercado, tal como continuarão a existir Cubas Castristas e Coreias do Norte de Kim isoladas e a morrer de fome. Continuarão a ocorrer iniciativas, entre os mais iluminados, para juntarem os seus países a Venezuelas ou a Cubas. Continuaremos a aturar Chomskys e Sartres porque foi isso que sempre defendemos.
Mas continuarão a cair Iraques, Afeganistãos, Jugoslávias e Uniões Soviéticas.
Abram alas ao capitalismo do século XXI, onde a concorrência será enorme (assim esperemos!), onde o Mundo será cada vez mais igual, onde as oportunidades surgirão ao virar da esquina, onde o poder de compra aumentará, onde África sairá do pesadelo.
Os Estados Unidos da América concederam a oportunidade à Europa, depois ao resto do Mundo.
Hoje há quem diga que eles perderão a posição hegemónica que detinham. Mas não saberiam os Americanos já isso quando começaram a abrir mercados?
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
-
Um dos pilares do liberalismo e do mercado livre, é a constatação, colhida da prática, de que a concorrência, a livre formação dos preços, ...
-
Crise. Recessão. Depressão. Agora é que vai ser: os EUA vão entrar pelo cano e nós atrás deles. Talvez para a próxima. Para já, e pelo trigé...
9 comentários:
A sua pergunta final é bem interessante. É óbvio que os EUA sabiam que ao exportar o modelo seria impossível continuarem na posição de número 1 Mundial incontestavel, uma vez que a possibilidade de um país com as capacidades da China ou da India os ultrapassar era bastante forte.
Mesmo assim, o ideal é mais forte.
Quanto ao capitalismo do século XXI, é muito cedo para apostas, mas parece-me óbvio que a esquerda continuará sem poder e condenada às funções que aqui você enuncia.
caro Rb e companheiros de RB:
"Mesmo assim, o ideal é mais forte"
Concordam?
”Quanto ao capitalismo do século XXI, é muito cedo para apostas, mas parece-me óbvio que a esquerda continuará sem poder e condenada às funções que aqui você enuncia.”
De acordo. Se a esquerda (refiro-me obviamente à extrema-esquerda) continuar a lutar por causas injustas, ver mesmo reaccionárias, terá que usar da ditadura (Coreia do Norte, China, Rússia, Cuba) para se manter no poder, ou terá sempre um papel marginal, o que acontece nas sociedades liberais.
A mesma sina para a extrema-direita (ex: Chile de Pinochet, Argentina de Videla, ou uma eventual tomada do poder por newborn christians nos EU – que Deus nos livre!). O mesmo se verifica no seio do Islão: o Islão puro e duro só se consegue manter no poder à custa da ditadura (Arábia-Saudita, Irão, Paquistão, Afeganistão et cetera).
Bom texto, gostei.
Trata-se de um cenário. Já houve outros e bastantes coisas "falharam".
O problema destes cenários é que tratam os poderes como blocos monolíticos movidos por um cérebro racional e se atiram para uma espécie de determinismo histórico. O RB não tem idade para isso, mas há mais de 30 anos a América era dada como acabada, os japoneses estavam a comprar Hollywood, o perigo amarelo assustava, etc,etc.
Passaram 30 anos e a América progrediu, inovou, renovou-se, e está mais forte do que nunca.
A China tem potencial, tal como o Japão, mas o sistema político, a falta de liberdade, o controlo férreo de um orgão central, são travões que impedem a inovação e a evolução. Tudo aquilo pode ruir e desfazer-se em cacos como aconteceu ciclicamente na longa historia da China.
A Índia tem as castas, a dramatica falta de mobilidade social, etc. A Rússia é um beco e retorna sempre a Pedro o Grande. Mas agora em decadência demografica. Todos estes países estão em patamares muito baixos..são meros produtores de matérias primas e alguns produtos mais elaborados que vendem ao Ocidente.
Na verdade, caro RB, em minha opinião, a decadência do poder americano só acontecerá se abandonarem as virtualidades do sistema que souberam criar e embarcarem na rigidez de políticas centralizadas, "sociais", à moda europeia.
Perderão a iniciativa e a dinâmica que os mantém na frente, e então sim, não terão hipoteses de fazer frente a países com o triplo e o quadruplo de habitantes.
"Mesmo assim, o ideal é mais forte"
Caro Stran, não consigo entender bem o sentido em que o alce teceu esta afirmação, por isso não consigo dizer se concordo ou se discordo.
"Trata-se de um cenário. Já houve outros e bastantes coisas "falharam"."
Obviamente. As opiniões mudam de opinion maker para opinion maker pelo que cada pessoa tem a sua convicção, seja ela wishful thinking, racional ou motivada pelo ódio.
"Passaram 30 anos e a América progrediu, inovou, renovou-se, e está mais forte do que nunca."
Correcto e afirmativo. Mas nessa altura a China ainda se entretinha com a Revolução Cultural, a Índia lutava para se afirmar e o Brasil estava mergulhado em problemas com os militares.
A história dos Japoneses a comprar Hollywood é deveras interessante, mas mesmo que o Japão se afirmasse como uma superpotência (como sucedeu), estaria sempre colada aos Estados Unidos da América.
O contexto histórico é diferente, o mundo é outro actualmente. A América tem, como disse, de redobrar esforços para se manter na frente, algo que já foi capaz de demonstrar que é capaz.
"A derrocada do EUA não acontecerá..."
Também acredito que não. Os americanos são um povo trabalhador e muito pragmático. Fora isso sabem aproveitar as pessoas inteligentes, dentro do seu País, e sabem atrair talento estrangeiro.
Não duvido que os EUA vão ter um grande tombo com esta crise financeira, mas ultrapassaram.
Os EUA têm sobretudo que ser mais rigorosos com as aquisições na Defesa. Muito dinheiro pouca mercadoria. Tem havido projectos, em que tecnologia usada não está madura, bem desastrosos financeiramente. Um exemplo é o caça F-22, o melhor do Mundo, mas cujo custo ultrapassou muitas vezes o orçamentado. Também deve aumentar a segurança informática no DoD pois aquilo parece um passe-vite e como sabemos as outras potências vivem da espionagem.
Juntos, EUA e Israel, fazem mais de 80% de inovação e isso garante-lhes bastante supremacia.
Enviar um comentário