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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Brindemos aos fantasmas que seremos

Num mundo sem deuses qualquer vida é uma corrida frenetica em direcçao a nada. Uma odisseia solitaria, plena de inescapaveis horrores - sem exageros poeticos. No mundo de antanho a justiça divina podia tardar, mas a ira era imediata, para la do pano a paz e o mel dos anjos em proporçoes iguais, aca a tirania dos carrascos em proporçoes desiguais. Aqui derrotados estamos e derrotados acabaremos porque nao há faulkner ou hesse que nos salve, morremos, como dizes, e ao po voltaremos, é isto a vida, a tale full of sound and fury signifying nothing, nao houve fuga e nao havera fuga, obedecemos e seguimos de cerviz inclinada as arbitrariedades que as contingencias determinam - essa perfidia que nos pune a cada segundo. Somos dessa estirpe, de nula ambiçao, em isolamento perpetuo, e de chicote na mao para que as costas sigam impecavelmente da cor do sangue. Assim continuarei, de jean genet até que uma bala mais apressada nao peça licença

3 comentários:

Carmo da Rosa disse...

”Num mundo sem deuses qualquer vida é uma corrida frenetica em direcçao a nada.”

Creio que também é tecnicamente possível escolher uma vida sem Deuses e menos frenética, uma vida sem grandes ilusões metafísicas. Porque na realidade o que se leva desta vida é o que se come e o que se bebe…

Já dizia o Fernando:

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

RioDoiro disse...

DLM:

"Num mundo sem deuses qualquer vida é uma corrida frenetica em direcçao a nada."

Concordo consigo, mas suponho (suponho) ter resolvido esse problema há muito.

Posso vir a mudar de ideias, mas não encontrei qualquer problema em que assim seja.

As moléculas em que somos constituídos levam-nos a pensar que ... e isso será alguma coisa?

Se for, há quem fique tentado a procurar um alvo para a corrida. Por mim, tudo bem.

Se não for ... não é.

Sendo ou não sendo, se elas pensam, deixá-las pensar. Se o universo existe (existe?) deixá-lo existir.

Mas posso, em tudo, estar enganado.

Estou a ler um livro do A. E Van Vogt (um gajo um bocado misterioso) muito interessante. Chama-se Pêndulo.

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David Lourenço Mestre disse...

é isso carmo e nem é preciso procurar mais rod - mas o problema sera sempre individual, uma guerra desproporcionada que agora está muito na berra

parafraseando o outro, nem so de pao vive o homem