Este é um pequeno recanto cíclico, hoje aberto para os leitores mais traquinas dos 7 aos 77 anos, como dizia no “Cavaleiro Andante”, poderem repoltrear-se um bocadinho descansando dos factos ingentes com que diariamente o nosso tempo nos mimoseia e a equipa do Fiel reproduz, quantas vezes com que angústia existencial.
Deixemos a retórica e passemos adiante. Assim, abrimos a porta deste recreio com o sketch intitulado
As biografias imaginárias
Todos nós temos, creio eu, medos subconscientes, sonhos e fantasias de que mais ou menos nos envergonhamos ou orgulhamos conforme os casos - e não me estou a referir àquilo em que marotamente estais a pensar.
Por exemplo: uma das eventuais nossas figuras públicas mais em voga recolher ao leito, adormecer... e de repente sonhar que acordava de manhã e tinha outro nome e outra biografia:
“Leandro Lambote, que se licenciou em Arosamento de Deques e depois iria exercer diversos cargos na administração pública e privada até ser depositado nas funções que ocupa, sempre foi um bom sacrista. Disciplinado e disciplinador, era na juventude um maravilhoso hipócrita, melífluo para com os superiores hierárquicos que bajulava como ninguém.
Este excelente exemplar de falso irmão sempre teve jeito para se insinuar. Foi uma bela escola de vida a que ele teve: parece que mete o poviléu no coração e, no entanto, congemina sem parar como levá-lo ao depauperamento controlado.
Quando fez a tropa chamavam-lhe o “tubarão raquítico” porque, sendo um notável intriguista, não tinha cara para levar uma lambada. Aquele sorrisinho de padreca transalpino deve colocar-nos em guarda contra as suas malfeitorias. É um espectacular malandrim – e parecendo que não parte um prato e todo ele é encanto, cuidado se entrardes com ele num aglomerado de gente: poderíeis ficar sem o relógio de corrente…
É um tipinho cheio de recursos: tem ligações com meio mundo, da classe empresarial ao meio eclesiástico, dos recintos económicos até aos futebolísticos, manipulando pessoal a seu belo prazer como experiente machacaz que é. Se não existisse tinha que ser inventado. O facto é que se conseguiu munir de um vasto património.
À boca calada conhecem-no bem e aos seus manejos de politicão arremanchado. Boas gargalhadas têm dado nos areópagos internacionais à sua custa. Contudo, sendo como é um bom palonço, julga-se uma personalidade de grande nível.
Tende cuidado, o seu estilo vivaço-espertalhaço promete ainda grandes dissabores à nação!”.
Este “esboço de biografia” é como já se percebeu inventado de cabo a rabo. Tal qual se lê nos romances e fitas,“qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência”. Portanto, é escusado tentarem descortinar quem é o sujeito público que aqui se perfila inventivamente.
Se uma ficção destas fosse possível, no entanto, que belo susto o “biografado” apanharia ao acordar no pesadelo!
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
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Alguém me explica porque têm a GNR e a justiça(?) que meter o nariz para saber se quem trabalha na pastelaria lá está dentro ou não?
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Um dos pilares do liberalismo e do mercado livre, é a constatação, colhida da prática, de que a concorrência, a livre formação dos preços, ...
7 comentários:
Eheheheheh!
ANA
Daqui a uns dias com este tipo de "postes", podemos facilmente publicar umas neo farpas.
O Eça deixou genes por aí....
Caro JL
Dá vontade de ir escarrapachar isto na Wikipedia. Mas não dá, por muito menos foi barrado o acesso a um determinado CV.
Caro Paulo Porto
Não me faça uma coisa dessas da Wiki! Falo a sério!
Talvez seja coincidencia, e não tem é claro a ver com este post, mas ontem à noite o meu carro (BMW de serviço) que comprei com dificuldades pois sou/fui aposentado da Função Pública (primeiro no Serviço Meteorológico Nacional, depois numa autarquia)foi depredado e a minha janela apedrejada por dois indivíduos desconhecidos que viram escapar-se a coberto do escuridão.
Claro que é coincidencia à minha audaciosa - e apreciada, palmas!!! - prestação no FI e noutros lugares, mas...dá que pensar.
À cautela, já falei com quem devia.
Se me metesse na Wikipédia teria chances de durar uma semana?
A realidade mistura-se com a fantasia..
Vivemos de facto num mundo surreal.
bob
Ria-se, amigo Bob, mas é que é mesmo verdade!
Fizeram-me cocó em cima da carroçaria (e deviam ter levado o petisco de casa, ou dum outro qualquer entreposto, pois não acredito que conseguissem defecar tão de alto - teriam de ter a altura do James Stewart ou, mesmo, do deputado...do deputado...ai que não me lembro do raio do nome do homem), partiram-me o envoltório do espelho exterior do lado do condutor e escreveram-me nos vidros (com que material horrendo...não digo, passons): "vendido!" e "este gajo é um neo-realista de m...", além de terem deixado um papelucho verde exarado em termos irreproduzíveis.
(Peço desculpa pelos pormenores um pouco chocantes, mas só me limito a contar o que estes olhos viram).
E se o amigo Bob, que também me parece fresco e faz muito bem, quiser, mande-me o seu email que na volta remeto uma fotografia (pois, fotografei a cena).
E as pedradas foram aí por volta da meia-noite, quando me preparava para um retemperador copo de cacau preto (o que contém mais proteínas e é aconselhado a qualquer "cão cristão e reaccionário" que se preze).
Poderá o amigo Bob, com o seu espírito vivo, aduzir: "Bom...podiam antes ter-lhe atirado uns rocketes...Tenho ouvido dizer que são muito fiáveis...". Talvez.
Mas olhe que a pedrada também tem dado boas provas e além disso faz parte duma tradição...como dizer...extremamente progressista.
Se não acredita pergunte ao dep...ai, como é mesmo o nome do raio do homem?...
Amigo Paulo Porto, garanto que aquilo do carro e da janela é verdade. Só o detalhe do cocó é que é um pouco mal contado, pois depois de uma observação cuidada verifiquei, se todavia não me engano horrivelmente, que deve tratar-se de cocó de boi - pois nunca um ser humano, a não ser em condições muito especiais (por exemplo, empolgado por uma manifestação humanitária nas Avenidas Novas ou mesmo no Rossio) conseguiria resultados tão nefandos...
No seu todo, desconfio mais que se teria tratado de uma pirosa vingança de um crítico da região do Nordeste, ou mesmo de um prosador-cronista do conhecido e respeitado(aqui um apito, mas você percebeu)onde eles costumam afixar os seus derrames cerebralizados.
E apenas por eu ter dito de um que me parecia "um alfenim com redundancias piores que as do Karlhinz Estockausen" e, do outro "que comparado com este apepinador, os versos do primeiro são sonatas em dó maior como as do Bitorino da Alameda"! (Sim, refiro-me ao meio-pirado, o que se desarranja todo a reger um concerto do Elsworth Newark Davenport ou então do Brahms).
Bom, isto é tudo muito bonito, mas um tipo usa de um certo humor negro porque, como nos indicou o Fróid, a sociedade actual está mesmo assim a modos que...e a gente sente-se à rasca.
É uma forma de olvidar (como diz algures o Osvaldo, agora é que eu percebi que o gajo também jogou no Real Madrid, sim, o "nosso" Osvaldo do fósforo pintalgado...)que num país da periferia andam uns tipos colunáveis a roubar à valentona e vá lá que são todos pessoas sérias...!
Caraças!
PS, salvo seja - Amanhã, passado o traumatismo que me deu de raspão, e o caso não era para menos, já volto a postar coisas sérias.
Esperem-lhe pela pancada.
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